sábado, 10 de abril de 2010

Só ela! SOZINHA!

Porque ALGUÉM, dentro desta casa ignora o que é TROCAR UMA LÂMPADA!


Um bando de IMPRESTÁVEIS (outro nome para INCOMPETENTES)!


Eles nem percebem que a lâmpada queimou porque é de dia.


Há sempre ALGUÉM que consegue ficar no escuro por algum tempo e se orientar por outros sentidos.


Quem é que nota?


Os que não notam passam a esperar.


Quem troca a lâmpada? Quem mora no local e precisa dela.


ELES sempre ACHAM que a ESCRAVA sou eu.


E quando eles se darão conta?


De que EU não vou trocar a lâmpada?


OS ANALFABETOS ainda vão ficar mais tempo no escuro porque não sabem que as lâmpadas fluorecentes são mais econômicas.


Não sabem onde comprar as lâmpadas porque não são daqui e não têm a informação correta.


Onde ficam essas lâmpadas? Reza-se muito e ... por MILAGRE, as lâmpadas aparecem diante de seus olhos.


Depois... nem se lembram de perguntar quem os ajudou. Ficam contentes com o ACHAMENTO daquilo que BUSCAVAM.


E os créditos vão para quem?

Faça sua lista:

- Deus (nome genérico para "força maior")

- Nossa Senhora (e outros arquétipos femininos com imagem e nomes diversos)

- Seus irmãos (a comunidade é tudo, o coletivo é tudo, a massa é massa)


OS INFELIZES encontraram as lâmpadas novas. E agora?


Um arrastão por Elis Regina ou Feira de Acari. A poltrona da sala onde ele quis fazer amor foi onde ele dormiu. Porque "fazer amor" dá trabalho.


Principalmente quando não há termo vernáculo para o termo LEALDADE.


Aqui só se trabalha com ESCRAVIDÃO, AÇÃO E REAÇÃO. Qualquer coisa que rime com São João só pra terminar em... FESTA.


Eu gostaria de saber como é que se caracteriza uma lâmpada queimada.


Ela não se CARACTERIZA porque não sabe digitar rápido (ou seja, rapidamente).


Ela não se CARACTERIZA porque não teve tempo de preparar a sua fantasia. Porque ela leva a sério a CARACTERIZAÇÃO DOS PERSONAGENS.


Ela - que escreve - personagens e os interpreta a seu bel prazer.



Vão arranhar o piso todo que alguém colocou, que alguém escolheu. Ela não. Por quê? Porque ela não tem casa. Não própria. Nem alugada. Talvez emprestada. Quem sabe.


E ELES E ELAS são INCAPAZES de perceber. Porque têm mãe, pai e irmãs e irmãos.


Onde a escada ficou guardada?

Ela é baixinha.


!É inútil esperar.

É, inútil.


Troque a lâmpada, por favor.


Não seja gentil, isso ofende.


Não fale manso, isso agride.


ENTÃO (!!!!!) sou EU mesma quem vai trocá-la!


E como EU sou uma mulher INDEPENDENTE

(porém não auto-suficiente - nunca se esqueçam disso)

vou lá

vou mesmo

e tróco!


Porque eu não guardei troco.

Nem trocado.

Não sou obrigado.

Muito obrigada.

Preciso ir agora.

Viver minha vida.

Sem ver novela.


Apenas viver.


Respirar, quem sabe...


Amar, quem sabe...


Cansar? Sempre.


Por que?


Porque ELES ainda não aprenderam a ME TRATAR BEM.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Maybe

"Tu pouco dás quando dás de tuas posses. É quando dás de ti próprio que realmente estás dando. É belo dar quando solicitado; é mais belo ainda dar quando não solicitado; dar por haver apenas compreendido."
(Gibran Khalil Gibran)

Hard

Todo mundo sofre.

Todos nós podemos carregar grandes dores, principalmente os mais sensíveis.

Então por que é que as pessoas se esquecem do quanto sofreram ao ver alguém sofrer?

Por que é que diante da miséria do outro aqueles que já sofreram tanto não conseguem ter um momento de compreensão?

Estamos perdendo a capacidade de sofrermos juntos.

Perdendo a empatia.

Perdendo a noção de tudo o que é certo.

Em nome do que?

Defesas? Proteções?

Não entendo mais nada.

Eu costumava lidar bem com esse tipo de situação.

Mas algo dentro de mim mudou, ou eu é que não estou vendo.

Não entendo mais o mundo em que estamos vivendo...

"Tente imaginar como pode ser
Quando ao livre-arbítrio, nós fizermos jus
E o que quer de nós, esse tal poder?
Toda escolha traz uma renuncia à luz.

Só se dá valor pela privação
Só quem já cruzou desertos
Saberá chorar em frente ao mar
Só nos cabe a dor, frente à evolução
Mas não precisava ser assim

Por que só na pele
Se vê o que se faz?
Como só as guerras
Nos fazem ver a paz
Porque só na fome, na dor, na solidão
Onde todos os homens
Descobrem-se irmãos?"

quinta-feira, 11 de março de 2010

O avesso dos ponteiros


Baseado na letra da música "O avesso dos ponteiros" de Ana Carolina


dedicado à minha Carolina :)


O dia do aniversário é o avesso dos ponteiros

A idade aponta na diferença dos cabelos
Loira, castanha, curto, longo
Outro ano aponta na folha do calendário
Outro dia n'Outra matéria n'outro caderno

O tempo faz tudo valer a pena
Nenhum erro é desperdício
Errar ou não ousar
é sinal de querer

Tudo cresce
A gente cresce
mas não se esquece
das crianças que fomos

Das lembranças de felicidade
E dos sonhos que ainda não alcançamos

E o início
é marcado pelo dia do nascimento
O dia em que choramos pela primeira vez

A vida, todo dia
Deixa de ser início

Estamos sempre chegando ao meio
Ao meio de que? - eu me pergunto...

A um meio de fazer o que gostamos, o que queremos

A vida "É isso aí."


Feliz Aniversário!
:)

segunda-feira, 8 de março de 2010

Acredito que o tempo faz com que possamos perceber melhor coisas que no calor do momento parecem turvas.

De coração, acredito fielmente em tudo que sou, tudo que passei e em tudo que estou passando. A vida não precisa ser difícil. Se às vezes me fecho e me afasto é para poder voltar atrás nos erros, mas não voltar atrás no tempo. Se voltamos atrás no tempo, e ele tende a ir pra frente, ficamos presos, parados no tempo.

Existe um tempo em mim que transcorre devagar.

E existe um tempo de urgência, de intensidade. De paixão, de fogo. De ação que me impulsiona.

Minha vida por tantas vezes interrompida está como as águas querendo encontrar lugar onde desaguar. Por vezes uma tempestade com trovões e relâmpagos.

Quando sou gota me acalmo e me deságuo. Gotejo o mar..

Quando sou nascente, só um olho d´água começo devagar, mas quase ninguém enxerga.

Essa suavidade do começo percorre todo o relevo do lugar.

Mas é só na correnteza, queda d'água que tudo leva por onde passar

que os cegos do sutil podem me enxergar.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Meu muito obrigada pela ajuda rápida e despretensiosa :)

"Tu pouco dás quando dás de tuas posses. É quando dás de ti próprio que realmente estás dando. É belo dar quando solicitado; é mais belo ainda dar quando não solicitado; dar por haver apenas compreendido."
(Gibran Khalil Gibran)

terça-feira, 2 de março de 2010

Diário de Sobrevivência

As lutas que travo hoje não são com os que passaram, mas com os que estão agora passando por minha vida.

Há muita incompreensão no mundo e aqui em Salvador não é diferente. Há uma guerra não falada, mas que todos sentem. Uma guerra territorial - se você sai do seu bairro as coisas mudam bastante e dependendo do bairro onde você mora, se você fala onde mora as pessoas te tratam de maneira diferente aqui em Salvador. Uma guerra social - isso não é novidade para ninguém. Todo o Brasil sabe que em Salvador existe uma desigualdade social muito grande. E para as pessoas sensíveis como eu e tantas outras por aqui, conviver com essa dura realidade não é nada fácil. A miséria está estampada pelas ruas. Nos pedidos de esmola, nas pequenas trapaças do dia a dia. Eu sinto muito por todos os que sofrem, mas agora estou também do outro lado. Pois as esmolas são pedidas a mim, as pequenas trapaças são feitas contra mim. São pequenas mentiras, pequenos golpes, estratégias de sobrevivência nem sempre lícitas ou éticas. E isso me coloca numa posição muito difícil. Eu sei porque as pessoas se comportam assim e sei que a "culpa" maior não é delas e sim desse sistema em que vivemos que nos coloca uns contra os outros. Mas mesmo assim não posso deixar que abusem de mim. Eu também estou sobrevivendo aqui em Salvador, sem casa, sem endereço fixo, sem uma rede de amigos, sem um trabalho fixo, sem nada realmente concreto que diga que eu resido em Salvador, que estou aqui para fazer a minha vida, ajudar a cidade com tudo que posso oferecer e realizar meus sonhos de curtir a arte, a ciência, a vida cultural dessa cidade e a energia dessa natureza e dessa fé do povo. Pois eu também sou como eles. Também sou uma batalhadora. Para eles é quase que impossível conceber como uma pessoa branca que teve "tudo" como educação e o que comer, etc. possa se considerar uma vítima. E eu também não tenho estrutura emocional - sou muito sensível e falar das coisas ruins que me aconteceram me deixa triste. Se começo a falar a voz falha, as lágrimas vêm. Me sinto exposta. Não posso falar de assuntos tão íntimos com qualquer pessoa. E a vida aqui é comunitária. As pessoas falam alto, são abertas, estão sempre em contato uns com os outros. E eu ainda não arranjei um jeito polido de dizer que determinadas informações sobre mim eu não posso compartilhar. Mas eu não vou desistir de estar aqui.
Talvez seja bobagem minha querer estar num lugar para chamar de meu.

Mas é assim que eu me sinto. E foi por isso que vim. Ninguém tem o direito de me tirar isso.

Todos que estiverem contra mim estarão contra o fluxo do mundo. E a justiça virá, cedo ou tarde.